origem

domingo, 18 de dezembro de 2011

O Alce vai nú ! - Capítulo II


Ontem o Alce estava agitado. 
Viu pela primeira vez o filme "Sexto Sentido" e ficou muito perturbado. Não parava de pensar em fantasmas. Para procurar refúgio, resolveu ligar ao seu amigo anão : 
    "Tou, meia-dose ?", disse com voz tímida e quase irreconhecível. 
    "Hummm...Aqui não mora nenhum meia-dose...", respondeu o anão, desconfiando daquela voz que não conhecia. 
    "Meia-dose...meia-dose...então?", grunhiu o Alce, com uma voz ainda mais grossa como se o Darth Vader tivesse enfiado uma bigorna na garganta.
    "Já disse que aqui não há nenhum meia-dose...nem sou anão...nem tenho ninguém preso no sótão...nem nada, ouviu ?!", disse o meia-dose, meio desorientado e quase a desligar o telefone.
    "Sou eu, pá...o Alce...", gemeu o nosso herói à beira das lágrimas.
    "Hum?!...Ahhh...pois, eu percebi...", disse o anão surpreendido. "Tava só no gozo...Então, que contas ?!", tentou colocar um rumo normal na conversa.
    "Acreditas em fantasmas, meia-dose ?!", continuou o Alce, muito baixinho, quase a sussurrar.
    "Não sei...em fantasmas não sei. Mas acredito que haja qualquer coisa depois da morte.", disse calmamente. "Pelo menos gosto de pensar nisso quando tou a pintar os cadáveres lá na Funerária, depois de os ter violado."
    "Pois, mas eu cá espero que os fantasmas não existam, pá...", disse o Alce com ar de medo e a olhar para todos os cantos da sala.
    "Então porquê ? Tens medo dessas cenas, é ?", perguntou divertido o meia-dose.
    "Epa, ya...fico logo todo arrepiado só de pensar que pessoas mortas podem-me observar enquanto me masturbo...", concluiu o Alce.
O anão ficou pensativo, mas tentou logo arranjar uma forma de acalmar o amigo.
    "Tens facebook, pá ?", perguntou finalmente ao Alce.
    "Olha...não, mas tenho ganza, queres ?".
    "Sim, quero...mas tens que criar um perfil. É óptimo para encontrares companhia naquelas dias em que tás sozinho em casa, sabes ? Assim, sempre vais socializando enquanto bebes...", jogou o anão com ar de triunfo.
    "Ok, ok..se calhar tens razão. Ontem por acaso senti-me muito sozinho enquanto bebia. Talvez por isso me tenha embebedado com uma cerveja. Só não me lembro era se tava na oitava ou a nona cerveja...Se tivesse no facebook, esses meus amigos diziam-me, né?!"
    "É!".
A conversa mudou de rumo e desta vez foi a vez do anão desabafar com o Alce :
    "Tu já ouviste falar dessas cenas do Destino e da Esperança ? Pois, são tudo baboseiras. Principalmente essas tretas da Esperança. As strippers mentem sempre aos clientes, pá!...", disse irritado o anão.
    "Epa, não ligues a essas cenas da Esperança, meia-dose", aconselhou o Alce. "Tu agora tens outras coisas com que te preocupar, pá ! Convém não te esqueceres que a Clamídia tá grávida !", lembrou o Alce.
    "Sim, tá...por enquanto..".  

Hoje o Alce acordou muito melancólico e a pensar no Avô. 
Voltou-se para a namorada que tinha síndrome de Tourette's que ainda dormia serenamente, mas tinha escrito na sua testa "olho do c*" e disse-lhe baixinho : 
    "Mor, quando um dia a morte tiver que me levar, quero morrer como o meu Avô...em paz, a dormir, sem sofrimentos...tipo como todas as pessoas que iam no carro com ele..."

Sem comentários:

Enviar um comentário